Nunca falei muito sobre amor,
parece que a palavra não me serve, como se eu fosse uma bomba relógio
estragada. O amar alguém pra mim sempre foi confusão, é como se todo o sangue do
coração subisse para a cabeça e nele mesmo não sobrasse nada, é frio ao mesmo
tempo em que é quente.
Nos últimos anos estive entre os
braços de homens e mulheres, entre dias de paz e inferno, com fins de tarde
rapaz e com luas de moça. Com noites que quis estender, cheias de sol entre as
trevas, e outras de sonhos quebrados. Alguns amores que mesmo no colchão duro
você faz questão de guardar para sempre e outros de uma semana inteira de sexo que você pisca e esquece.
Dou abraços curtos para não sufocar,
mas sempre tento ver na cara linda o lado bom, mesmo a beleza sendo a minha
tristeza. Essa minha natureza morta que não tem dor, mas ao mesmo tempo dói - não
amar também dói.
Essas minhas certezas estéreis é
o que me mata, e esse meu amor medieval que tendo esconder do mundo acaba
comigo.
Amor demais vai matar você
Amor demais vai matar você
Amor demais vai matar você
As palavras se repetem na minha
cabeça, se entrelaçam e se confundem, é o mesmo vinil riscado de antes.
Não é que eu não ligue de magoar
alguém, mas é que eu tenho que me salvar. Que fique longe, mas que eu ainda
consiga manter ao lado direito do meu peito.
Ainda vou entender o jogo de
dados que a humanidade inventou por enquanto eu não amo ninguém, mas respiro
amor.